quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Grupo de Estudos 2010.2


A educação tratada como um jogo



Tamires Santana*
Resumo:


O presente artigo objetiva apresentar a crise da leitura na sociedade brasileira, sendo este um dos assuntos mais discutidos, analisados e criticados atualmente. Pode-se inferir que o motivo da precariedade do mundo da escrita está inserido num quadro maior, o sócio-econômico brasileiro, na hierarquia do poder das classes dominantes sobre a população. Assim, este problema vem afunilando ao longo do tempo e se reflete diretamente no âmbito educacional.


As causas das dificuldades do povo brasileiro na leitura não estão somente ligadas à influência dos meios televisivos, que o induz a trocar boas leituras por péssimos programas. Essa crise advém desde o período colonial, com o pouco incentivo ao processo de formação de leitores, onde as classes menos favorecidas não tinham acesso a nenhum tipo de informação, ficando assim desprovidas de conhecimentos sociais. Mesmo com avanços, esta crise ainda existe. De fato, isso ocorre porque a participação das classes sociais menos favorecidas no acesso a uma das ferramentas principais, o livro, é desigual e ainda fragmentada, pois este é restrito geralmente ao espaço escolar. Assim, pode-se dizer que é letrado quem economicamente tem boas condições de vida. Considero um absurdo ouvir expressões como estas.


Mas onde está o erro afinal? Será que no avanço capitalista da consciência política ou dos movimentos que se dizem democráticos? Está naqueles que por obras do destino nunca tiveram oportunidades para uma educação de qualidade, acabaram por sua vez tornando agentes principais nas ações negativas da sociedade? Posso estar abrangendo o tema, mas em minha opinião os governantes não perceberam de fato que um país só pode se desenvolver se houver Educação. Já dizia nosso eterno Paulo Freire, “A educação sozinha não transforma a sociedade, mais sem ela tampouco a sociedade muda”. *



Ao meu ver, a maneira estrategicamente hierarquizada da organização educacional do nosso país ainda está presa apenas a processos seletivos, onde os resultados servem tão somente para gerar renda e o País ser reconhecido internacionalmente. Isto é, a força do capitalismo fala mais alto.


Trocando a miúdos, vejo que o grande número de analfabetos e a ausência de uma política voltada para promoção da leitura, são em verdades, fenômenos bem “calculados” isto porque uma pessoa Educada é capaz de adquirir conhecimentos para posicionar-se frente aos problemas sociais. A presença de leitores críticos sem dúvida incomodaria bastante a política da ignorância e da alienação. Como relata Teodoro.


Ler é um direito de todos os cidadãos. A presença de analfabetos (iletrados) no Brasil não nasce porque os indivíduos optaram por não – ler; o problema é que as autoridades não estão interessadas em desenvolver o gosto pela leitura junto a todos os segmentos da população. (THEODORO, 2005, p. 50)


Na verdade, a realidade sócio-econômica do país, a organização da classe dominante, a falta de acesso educação para vida, reflete diretamente no espaço escolar. Esse peso cai sobre nossas crianças e nossos jovens que não mantêm constante contato com o mundo literário, vivem em um ambiente que nem a família lhe propicia gosto pela leitura. A única saída é sobrecarregar o professor. Este, responsável por mudar o presente e o futuro da sociedade, mesmo quando nem ele mesmo tem oportunidade de mudanças e não encontra subsídios que possam ajudá-lo a transformar a realidade da sociedade.


De fato, o importante é continuar fazendo indagações: por que e para quê Ler? Daí surgir às possíveis respostas: para obter informações, adquirir conhecimentos, ter um pensamento critico, se deliciar no prazer da leitura e... saber votar! Não poderia perder a oportunidade não é?!


 *Fonte: http://www.pensador.info/frases_de_paulo_freire/


 REFEÊNCIAS:
SILVA. Ezequiel Theodoro da,  Leitura na escola e na biblioteca, 10ª ed.Campinas, SP: Papirus, 2005.
 NOVA ESCOLA, nº 234, ago, 2010


Texto apresentado no Grupo de Estudos da EMRC
* Professora da 1ª e 2ª Séries Fundamental I
30/09/2010

Um comentário:

  1. Legal seu texto. É isso ai, alguem tem que
    ter coragem e dizer o que pensa sobre a realidade da educação brasileira.

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